sexta-feira, 24 de agosto de 2007

Viagens, Turismo e Desporto

Há cada vez mais pessoas que aliam o gosto pelas viagens ao prazer de, em países ou regiões desconhecidos, caminhar por sítios inóspitos, em total contacto com a natureza e com a vida selvagem. Um grupo de caminheiros portugueses afoitou-se a fazer dois trekkings de cerca de 40 Km cada, em plenos Andes.
O Peru revelou-se um sítio ideal para fazer turismo e caminhadas por locais que exigem dos “aventureiros” algumas capacidades físicas, mas que lhes satisfazem o gozo pelo contacto com as gentes e com a natureza, quase em “estado puro”.
A partir de Huaraz, no região de Ancash, não deixe de fazer o trekking Santa Cruz que percorre uma grande extensão do Parque Nacional de Huascaran, entre as povoações de Vacaria e Cachapampa, por caminhos da Cordilheira Branca, sempre a mais de 3.000 m de altitude. É feito em 4 dias, para que os “aventureiros” habituados a viver ao nível do mar, consigam suportar a falta de oxigénio, as batidas aceleradas do coração e as pernas sempre cansadas, mas que têm que andar sempre em frente. Há locais destinados a acampamentos, mas os caminheiros não podem contar com quaisquer instalações de apoio para as necessidades mais básicas. Tudo (tendas, sacos-cama, alimentação e instrumentos para os cozinhar e para os comer) tem que ser transportado. Podem contratar-se carregadores e burros, mas há sempre um mínimo que o próprio tem que transportar consigo, para as suas necessidades imediatas (água, alguns alimentos energéticos, protector solar e contra mosquitos, roupa para o caso de queda abrupta da temperatura ou para guardar a que se foi despindo ao longo do dia e uma máquina fotográfica).
Mas é um deslumbramento atingir o Punta Union, a 4.750 m de altitude e deparar o enorme glaciar de Huascaran (6.768 m de altitude) (também afectado com o aquecimento do globo) e um vale a perder de vista.
Pelo caminho poderão admirar-se outros glaciares igualmente deslumbrantes – o Alpamayo e outros, cujos nomes em linguagem “quechua” não consegui reter.
A partir de Cusco, na província do mesmo nome, é quase obrigatório fazer o “Inca Trail”, com 42 Km de extensão que é mais fascínante que o trekking de Santa Cruz. É feito entre a povoação de Ollantaytambo (próximo de Cusco) e Machu Pichu (que, há dias, foi classificada como uma das novas 7 maravilhas do mundo). Este trekking é, no seu conjunto, bastante difícil, porque é feito quase sempre a mais de 3.000 metros de altitude, com o seu ponto mais alto a atingir os 4.200 metros, na passagem “dead woman” e com muitas subidas e descidas bastante íngremes.
O “Inca Trail” já é mais conhecido dos turistas, mas, felizmente, a gestão do parque não permite que acedam mais de 200 caminheiros por dia. Os locais de acampamento já dispõem de condições mínimas para as necessidades de higiene, mas as tendas, sacos-cama, alimentação e instrumentos de cozinha têm que ser transportados pelos caminheiros e/ou por carregadores (aqui não são permitidos burros ou cavalos, para transporte daqueles equipamentos).
Nesta parte dos Andes não são visíveis glaciares muito grandes mas, em todo o percurso do trekking podem admirar-se sítios arqueológicos da cultura Inca que nos espantam pelas condições, técnicas e local de construção, pelos materiais aplicados – rocha granítica que nunca está próxima. Não se pode deixar de admirar os sítios arqueológicos de Piskakuchu, Willkarakay, Patawasi, Runkurakay, Sayaqmarka, Qonchamarca e, finalmente Machu Pichu que se avista, ao nascer do dia, de Inti Punku, uma porta de acesso situada a cerca de 2.600 m.
Machu Pichu (a cidade perdida dos Incas) era um centro de culto a uma trindade de deuses, representados pelo condor, pelo puma e pela serpente. Está cercada de montanhas muito mais altas e de vales profundos. Foi construída no cimo de um monte, a cerca de 2.400 m de altitude, há mais de 600 anos, com rochas graníticas (com várias toneladas) transportadas por carreiros, onde só se caminha em fila indiana e sem recurso à roda. O que mais nos espanta é o estado de conservação das construções e dos muros de suporte construídos montanha abaixo, numa inclinação de mais de 50º. A parte destruída foi feita voluntariamente pelos invasores espanhóis, há 500 anos.
O regresso a Ollantaytambo deve ser feito no comboio da empresa PeruRail que percorre o vale do rio Urubamba, desde Águas Calientes. São “esmagadoras” as montanhas que nos rodeiam durante todo o percurso.
Cusco é a cidade de partida e de chegada para todos aqueles que se dirigem a Machu Pichu, mas merece ser percorrida, calmamente, nas arcadas da Praça de Armas e nas ruas e praças que a circundam. A visita à Catedral também é obrigatória, porque nos permite apreciar a soberba dos invasores que na sua construção utilizaram os materiais – desde a pedra ao ouro – que tinham pertencido a locais e objectos de culto do povo submetido. Em Cusco também há diversos sítios arqueológicos da cultura Inca que merecem ser admirados, com especial relevo para o Sacsayhuaman.
Outro local de encanto no Peru, cuja visita é fundamental, é o Lago Titicaca, na Província de Puno (cuja capital tem o mesmo nome), junto à fronteira com a Bolívia. Este é o maior e mais alto lago navegável do mundo. Está situado a 3.827 m sobre o nível do mar.
A nossa viagem pelo Lago começou com uma visita às ilhas flutuantes de Los Uros (um povo descendente das comunidades mais antigas do Peru) que têm a particularidade de serem construídas pelos seus habitantes que se dedicam, quase exclusivamente, ao artesanato e a receber os turistas.
Estas ilhas são totalmente construídas pelos seus habitantes com a “totora”, uma espécie de junco que cresce nas águas mais baixas do próprio lago. Com pedaços de raízes da “totora” (moldados em cubos) atados uns aos outros e fixados no leito do lago, por meio de estacas e cordas, constroem a base da ilha com a dimensão pretendida e que podem sempre acrescentar novos blocos de raízes. Sobre esta base espalham 4 ou 5 camadas sucessivas de “totora”, para dar à ilha a solidez e o isolamento desejados.
Em cada ilha habitam 3 ou 4 famílias, cujas casas, esteiras de dormir, bancos para sentar também são feitos de “totora”. As casas também são fixadas à ilha por meio de estacas de madeira.
Os barcos de Los Uros também são feitos de “totora” e alguns deles bem ornamentados.
Estas ilhas flutuantes têm a particularidade de poderem ser “serradas” ao meio (literalmente falando) se as famílias se quiserem separar ou se se zangarem.
A nossa viagem pelo lago prosseguiu com uma pequena caminhada pela ilha de Taquile, cuja actividade económica é totalmente partilhada em cooperativa ou comunitariamente.
Ao fim da tarde regressamos a Puno e pudemos admirar um soberbo por do sol sobre a margem do lago.
Para fazer estes percursos deve-se viajar entre Maio e Junho, porque se aproveita uma época de poucas chuvas, embora a estação corresponda ao fim do Outono no hemisfério Sul.
Nos acampamentos esteja prevenido para a possibilidade de descidas acentuadas da temperatura que pode atingir vários graus negativos.
O prato típico mais divulgado é o “cebiche” confeccionado com fatias de peixe cru marinadas em sumo de lima ou limão.
Não deixe de contratar um guia local, para a sua segurança e melhor informação sobre tudo.
O euro é uma moeda bem recebida localmente, mas também se pode, com facilidade, levantar dinheiro em caixas automáticas.

1 comentário:

Ellen disse...

Olá. Convidamos vc a nos visitar e ver o post da paradisíaca “ Ilha de Zakynthos ou Zante “ na Grécia...
www.viagemafora.blogspot.com
bjs
Antonio & Ellen